Sinopse: Um Criador de Histórias revela a angústia do narrador, Israel, um solitário ancião que vive inconformado com a brevidade da vida e com o desgaste do seu corpo, que já não obedece a sua mente inquieta, criadora e incansável. Orgulhoso por acreditar que só conta histórias verídicas, ele é visitado por um estranho contador de histórias que o faz pensar sobre a incapacidade e a desnecessidade humanas de se alcançar a verdade dos fatos. Convencido sobre a capacidade que qualquer história tem de apenas ser verossímil, Israel desfaz sua intransigente mania de perseguir a verdade e mergulha nas emoções de uma história contada pelo visitante que muda para sempre a sua vida. Essa história gira em torno de um romance entre duas pessoas que se conhecem através dos sonhos. Uma delas, Rêyon, acreditando que seus sonhos são, na verdade, uma vida paralela à realidade em que vive, resolve procurar pela onírica amada. Em sua busca ele vive aventuras que levam o leitor a associá-las ao cotidiano. Traz críticas ao estilo da sociedade, destacando como pontos negativos, entre outros, a busca dos indivíduos pelo poder como um fim em si mesmo, o preconceito racial e o fato de se incutir nas pessoas, através do temor e da reverência exacerbada, a figura de uma divindade tão apegada às coisas materiais quanto o próprio ser que a criou. Com uma linguagem simples, procurando a cumplicidade do leitor, o narrador provoca bastantes reflexões sobre a vida.
Conheçam Israel (ou Rael) o grande protagonista -ou um dos- das muitas histórias que ''Um Criador de Histórias'' tem para contar. O nosso narrador-protagonista sofre de um grande mal: confiança. Mal esse que é implantado em nós por nós mesmos.
Rico de histórias, mas calado por uma sociedade de mente limitada, e até então afogado na saudade, Rael condenou-se a ficar calado e não contar todo o seu arsenal de histórias para mais ninguém e refugiar-se nas montanhas depois de ser preso por ''perturbar a ordem pública'' contando o que aos olhos da sociedade, só ele parecia acreditar, e ele fazia questão de enfatizar que tudo o que ele relatava era verídico.
Durante seu exílio, ele (junto com seu amigo João) conhecem uma pessoa que devolverá (ou tentará devolver) a confiança perdida do nosso andarilho, através de filosofias, ideias morais e reflexões. O visitante se chama Moyá e também é um contador de histórias, que durante uma carona no barco de Rael e João, revela aos novos amigos sua relíquia: a história mais bela de todas que a humanidade já teria ouvido: a História de Reyon, que fará você rir, chorar e pedir mais!
Durante tudo isso, Vanraz traz ao seu texto temas bastante recorrentes: fé, política, religião, amor, sociedade, saudade, injustiça, guerra, ódio, crenças, união, amizade... todas elas juntas para um bem maior: trazer ao leitor um momento de reflexão e introspecção.
Pode ser considerada uma leitura densa, pela quantidade de informações que assimilamos e por tudo que temos que dissolver vagarosamente durante a leitura: algumas vezes engolimos seco, tal como no dia-a-dia.
O livro foi bem diagramado, permitindo uma leitura leve e fluente. Sim, é um livro que ecoará em nossos pensamentos por um bom tempo, o que foi uma das maiores intenções do autor. 4 estrelas para um livro cheio delas!
''Acho que vou parar um pouco, agora. Devo descansar a pena e caminhar por esta noite fria de Triunfo. Vejo que pelas frestas da minha janela entram alguns raios de luz lunar. Sou convidado a ir até lá fora. Não recusarei. Vou ver as ruas, as pessoas e, como sempre, espero encontrá-las felizes e confraternizando-se.
Tenha uma boa noite, prezado leitor.'' Pág. 165
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Uma das melhores resenhas que já li sobre meu livro. Eu gostei muito. Em poucas palavras você disse tudo. Destaco esse trecho que considero brilhante na sua resenha, pois mergulha fundo num aspecto que predomina no romance: a crítica a sociedade. O trecho é o seguinte "Rico de histórias, mas calado por uma sociedade de mente limitada, e até então afogado na saudade...". Obrigado, Allison.
ResponderExcluirVanraz