terça-feira, 25 de junho de 2013

Resenha: Eu, meu pai e meus outros amores - Lilian Reis


Sinopse: Há coisas na vida que acontecem e a pessoa se revolta, fica com raiva de tudo e de todos, contudo, Jade teve que aprender da maneira mais dura, que o mundinho no qual ela vivia era fútil, uma imensa bola cheia de nada. Para Jade, tudo que importava era sua mãe, padrasto e amiga. O pai era um sonho inalcançável, uma figura por quem Jade nutria “sentimentos incompreensíveis”. Ela acreditava que aquela vida de badalações, academia de dança, luais, e festas eram tudo de bom, e para o qual valia a pena viver. O resto era descartável. Entretanto, Jade fora inserida “contra sua vontade”, em outro mundo. Um lugar completamente sem valor para ela. As pessoas pouco lhe interessavam e tampouco ela acreditava que eles se interessassem por ela. Para ela, uma garota da cidade grande, o que importava eram as coisas que ela podia fazer e a maneira como se divertia, e amava apenas essas pessoas que eram seu ”tudo”... Uma história cheia de emoções, conflitos, dúvidas e descobertas, que tem um enredo gostoso, uma linguagem jovem e engraçada. Prepare-se para conhecer o outro lado do mundo de Jade. Uma adolescente quase adulta, que se mostrou rebelde e marrenta. Será que Jade aprenderá com seus erros a ser uma pessoa melhor? O livro aborda vários temas importantes, dentre eles a primeira transa, a amizade, e os sentimentos de um modo geral. Contudo, a abordagem principal é o amor de Jade por seu pai. Um homem do interior, que conviveu com sua filha apenas nos primeiros anos de vida, mas que a marcou muito. Para ela, o pai foi seu herói, aquele que a acudia dos pesadelos e dos seus medos. Todavia, a imagem deixada por ele apagou-se pelo fato de ele não ser um pai presente. A vida de Jade deu outra guinada após uma tragédia, que a obrigou a viver outra realidade...
Já conseguiu descobrir o amor a sua volta? 

Tudo parecia estar finalmente perfeito para Jade: apesar do distanciamento do pai, sua mãe e seu padastro supriam a carência da melhor maneira possível e Jade já começava a sentir uma raiva muito grande por Bernardo ter trocado ela e sua mãe por outra família.

É em um domingo que o que Jade pensava estar perfeito acaba. Ao voltar de um casamento, Jade, sua mãe e seu padastro sofrem um acidente de carro e Jade entra em coma por 28 dias. Quando acorda, ela visualiza aqueles olhos que estiveram tão ausentes durante praticamente toda a sua vida, os olhos que ela aprendera a odiar, os olhos que desde sempre ela nunca conseguiu esquecer e deixar de sentir falta. Os olhos de seu pai. É nesse momento que a garota descobre que foi a única sobrevivente do acidente e que agora só pode contar com o único vínculo familiar que lhe restou.

Sua vida muda radicalmente em vários aspectos. Como é menor de idade, ela vai ter que ir morar com o pai em sua fazenda e ter que se acostumar com o jeito mineiro de ser, coisa que a carioca vai estranhar muito no começo. Terá também de se acostumar com a família de seu pai: sua esposa e seus dois filhos: Fred e Duke.

Bernardo não tem muito tempo para a família pois tem que administrar muitas coisas no trabalho e o relacionamento com a filha (mesmo que morando na mesma casa) ainda é distante. Isolda é carinhosa, atenciosa, e apesar de que nunca irá conseguir substituir o lugar da mãe de Jade, faz tudo para a garota se sentir feliz e acolhida. Duke é o irmão que Jade pediu aos deuses: brincalhão, sabe escutar, cuida como se Jade fosse realmente sua irmã e acaba se tornando um confidente. E por fim, temos Fred: de poucas palavras, mas Jade já percebe ser uma pessoa arrogante. Com um olhar que penetra na mente de Jade e a faz estremecer.

Vemos toda a questão da adaptação (ou não) de Jade na sua nova casa e vemos também a tentativa de reaproximação do pai, que mesmo que lenta e disfarçada, percebemos que é verdadeira. Como o título opina, Jade vai descobrir que nem tudo é ruim na fazenda e que ela pode sim encontrar o amor por lá. Gostei muito da narrativa. Lilian Reis escreve de uma forma em que os sentimentos das personagens se tornam bem verdadeiros e você sente a alegria e/ou a tristeza emanar das páginas. Outro ponto forte é a construção de personagens humanos: cheios de erros, cheios de arrependimento, mas sempre com uma mensagem de amor e perdão a passar.

''Ser normal. Minha mãe sempre falava que ser normal era ser normal.
- Como assim? - perguntava rindo.
- Chorar, sorrir, sofrer, se divertir, amar, ganhar, perder, se encontrar, descobrir coisas novas, descobrir que erramos às vezes. Reconhecer os próprios erros e tentar acertar. Ser normal é ser humano!
- Nossa, mãe! Você é sempre tão... normal! - sorrimos as duas com uma panela de brigadeiro, comendo de colher.
- Todos nós somos, embora existam aqueles que queiram ser diferentes, e esses sofrem porque não se adaptam à normalidade, se acham melhor do que os outros, são extremamente arrogantes e não aceitam seus erros. Continuam assim até que um dia possam aprender; se é que aprendem. Alguns morrem tentando.'' Pág. 231/232


É uma leitura muito válida e recomendada! 4 estrelas

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