segunda-feira, 25 de março de 2013

Resenha: O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

 

Sinopse: Versão de Oscar Wilde para o mito faustiano da perda da alma em troca dos prazeres mundanos, "O retrato de Dorian Gray" é um relato de decadência moral e punição, exemplo do humor cáustico e refinado de seu autor.
Dorian Gray é um belo e ingênuo rapaz retratado pelo artista Basil Hallward em uma pintura. Mais do que um mero modelo, Dorian Gray torna-se inspiração a Basil em diversas outras obras. Devido ao fato de todo seu íntimo estar exposto em sua obra prima, Basil não divulga a pintura e decide presentear Dorian Gray com o quadro. Com a convivência junto a Lorde Henry Wotton, um cínico e hedonista aristocrata muito amigo de Basil, Dorian Gray é seduzido ao mundo da beleza e dos prazeres imediatos e irresponsáveis, espírito que foi intensificado após, finalmente, conferir seu retrato pronto e apaixonar-se por si mesmo. A partir de então, o aprendiz Dorian Gray supera seu mestre e cada vez mais se entrega à superficialidade e ao egoísmo. O belo rapaz, ao contrário da natureza humana, misteriosamente preserva seus sinais físicos de juventude enquanto os demais envelhecem e sofrem com as marcas da idade. 

Crítico. Simbolista. Conservador. Desinibidor. Louco. Vingativo.     

''Os que descobrem significados feios nas coisas maravilhosas são corruptos deselegantes. Isto é um erro. Os que descobrem significados maravilhosos em coisas maravilhosas são os ilustrados. Para estes, há esperança.                                                                                                                                               São os eleitos, para quem as coisas maravilhosas significam apenas beleza.                               Não existe isto de livros morais ou imorais. Livros são coisas bem escritas ou mal escritas. É só.'' Pág. 9 

Dorian Gray é um jovem da alta sociedade inglesa, dotado de uma fortuna e de uma beleza única. Vivia livre de pensamentos e rótulos, e sua única preocupação era encontrar uma boa moça para viver o resto de sua vida ao seu lado. Isso tudo muda quando Henry lhe é apresentado. Amigo de seu amigo Basil, Henry apresenta a Dorian Gray um mundo totalmente crítico, onde a vaidade é o único fator que faz a vida ter sentido. Onde a beleza é a única coisa que se tem de preciosa e onde a juventude pode abrir diversas portas. 

Basil era pintor e o quadro do ápice de sua carreira foi justamente o que ele pintou Dorian Gray. Basil era obcecado por Dorian e encontrar a inspiração no amigo para pintar seus quadros, foi de longe a coisa mais maravilhosa que acontecera em sua vida limitada.  Henry Wotton apresenta a Dorian os prazeres da vida. Prazeres disfarçados de males.

''O objetivo da vida é o autodesenvolvimento; é perceber, com perfeição, nossa natureza... é para isso que estamos aqui, cada um de nós. Mas, hoje em dia, as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se da mais elevada das obrigações, a obrigação que devemos a nós mesmos. Mas, é claro, são caridosas. Alimentam os famintos, vestem os mendigos. A alma delas, entretanto, sente fome, está nua. A coragem desapareceu desta raça e, talvez, jamais tenha existido em nós. O terror da sociedade, base de toda moralidade, o terror de Deus, segredo da religião... são essas duas coisas que nos governam'' Pág. 33

Quando Dorian se vê num quadro onde reflete sua beleza - beleza então herdada de sua mãe - tão bem quanto um espelho reflete as feições, ele passa a questionar: ''O que será de mim quando a beleza me for tirada pelo tempo? Pior ainda, o que será de mim quando junto com a beleza o tempo extrair minha juventude?'' foi nesse pensamento premeditado que Dorian comete o maior (ou não) erro de sua vida. Fez um pedido ou uma prece que sua beleza fosse eterna. O tempo teria que deteriorar sua imagem no quadro e conservar sua beleza corporal.

''Mas o quadro o observava, aquele rosto lindo, transfigurado, o sorriso cruel. Os cabelos claros brilhavam à luz do sol matinal. Os olhos azuis vieram encontrar os seus. Tomou-o uma sensação de piedade infinita, não de si mesmo. Já havia alterado, e alteraria ainda mais. Aquele dourado ressecaria, acinzentaria. Morreriam aquelas rosas vermelhas e brancas. Para cada pecado que cometesse, viria uma mancha sarapintar danificar aquela formosura.'' Pág. 123

Avançando na leitura nós vemos o que isso causou de bom e de mal para Dorian e os desdobramentos disso são ainda piores. Dorian é excluído socialmente e sua loucura não tem fim. Ele chega a fazer coisas que vão contra a essência do que ele costumava ser.

Acho que é impossível (ao menos para mim) não gostar de algo do Oscar Wilde. Esse é o terceiro trabalho dele que eu leio e agradeço (profundamente e sinceramente) vocês o terem escolhido na enquete para leitura e resenha. Entrou no meus favoritos e só vai me fazer querer ler mais e mais Oscar. E obrigado à Rosalva por me emprestar o livro! Amei. 5 estrelas

Um comentário:

  1. Curiosamente, o romance que eu achei muito interessante e não vejo por que se tornou um clássico da literatura. Também me lembrou da série recém-lançado chamado Penny Dreadful, uma história que lida com a origem de personagens literários clássicos como Dorian Gray e Dr. Frankenstein, a verdade é muito bom.

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